A natureza da vida é querer viver e se expandir. Para “resolver” a primeira parte, ela se reproduz (além de evitar a morte a todo custo, é claro). Para atender à segunda, ela se adapta a diferentes condições através da diferenciação das espécies. “Evolução’, em Darwin, não significa superioridade de uma espécie sobre a outra, mas apenas maior capacidade de sobrevivência em condições ambientais determinadas.
O ser humano é uma culminância desse processo, pois conseguiu se adaptar a condições ambientais extremas – das regiões mais frias às mais quentes, e também às mais diversas dietas – garantindo a sua descendência. Comseguiu, também, tornar-se o predador supremo ou pelo menos defender-se do ataque da quase totalidade de outras espécies, garantindo a sobrevivência de sua descendência.
Com todo o seu potencial para “subjugar” os recursos naturais, o ser humano colocou-se em risco de extinção, criando, também, o mesmo risco para grande número de outras espécies, não apenas em decorrência das mudanças climáticas, já irreversíveis, mas também do aumento exponencial da pressão sobre os recursos naturais.
A colisão ou os “conflitos de interesse” com outras espécies continuaa crescendo até mesmo em áreas de interesse econômico e alimentar, como ocorre no caso dos estoques pesqueiros.
As propostas de criação de novas unidades de conservação através da ação do poder público conquistam a simpatia de uma parcela dos meios de comunicação, mas não reduzem as tensões entre a apropriação humana dos recursos naturais e a biodiversidade. A criação de unidades de conservação envolve custos, largamente desconsiderados em países como o Brasil. Como esses países têm parques de papel (criados no papel e nunca efetivamente implantados para atingir as suas finalidades), é mais comum ver animais silvestres numa auto-estrada na Alemanha ou um urso entrando num pequeno mercado norte-americano do que num parque nacional brasileiro ou mexicano.
A Convenção Internacional Sobre a Diversidade Biológica – nunca ratificada pelos EUA – já foi para o brejo há muito tempo. Venceu, com larga margem de vantagem, a apropriação privada dos recursos genéticos, uma área na qual os lucros já superam os US$ 110 bilhões por ano. A pesquisa sobre biotecnologia agrícola, por exemplo, é controlada por 15 grandes empresas privadas, sendo 13 norte-americanas de 2 européias.
E a Noruega, que anuncia contribuições para a proteção da Amazônia, não perde o foco e se concentra mesmo é na ampliação de seu banco de sementes.
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A Suprema Corte dos EUA reconhece o direito à patente de qualquer forma de vida desde 1980. Os EUA nunca assinaram e nem assinarão a Convenção Sobre a Diversidade Biológica, mas o Brasil se curvou e assinou os acordos internacionais sobre patentes. Por sua excessiva ênfase na exportação de produtos agrícolas, não tinha um plano B para Doha, onde foi o maior derrotado. Achar que a exportação de commodities é uma visão um bocado estreita. Vale dar uma espiada em:
www.medioambienteonline.com/site/root/resources/feature_article/6807.html, na versão em espanhol, ou em
www.portofentry.com/site/root/resources/feature_article/6807.htmlm na versão em inglês.