A Petrobras desligou-se do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social. Bom para o Instituto Ethos, que pode, agora, pensar em critérios de aceitação e de afastamento de empresas associadas que tenham um comportamento tão enfaticamente irresponsável do ponto de vista ambiental quanto sempre teve a Petrobras. Tentar comprar a opinião pública e as ONGs com apoios financeiros a projetos ambientais não é uma boa forma de compensação para as debilidades na gestão ambiental da empresa.
Recentemente, a Petrobras foi excluída do Índice de Sustentabilidade Empresaria – ISE da Bolsa de Valores do Estado de São Paulo – BOVESPA, que refletiu, no Brasil, um pacto internacional envolvendo transparência e responsabilidades éticas nas relações com os fornecedores, consumidores, funcionários e acionistas, aí incluídas a responsabilidade social e ambiental.
A Petrobras foi, também, proibida pelo Conselho de Auto-Regulamentação Publicitária – CONAR de fazer propaganda de suas práticas ambientais. O CONAR decidiu que esse tipo de publicidade da Petrobras era propaganda enganosa.
Com uma notável monografia sobre esse tipo de marketing da Petrobras, em fase de conclusão, a jovem Raquel Valentini Bastos fez uma extensa pesquisa sobre os “acidentes” ambientais causados pela Petrobras. A lista é impressionante. A monografia faz um notável paralelo entre os esforços da Petrobras para tentar associar o seu nome a práticas de gestão ambiental sérias ao que, no mundo animal, denomina-se mimetismo. Ou seja, tentar parecer algo diferente daquilo que se é verdadeiramente.
Desmascarada, a Petrobras talvez comece a repensar as suas práticas de gestão ambiental. E, quem sabe, até mesmo a evitar os vínculos entre os seus pirotécnicos anúncios de descobertas de jazidas de petróleo ultra-profundas das conveniências eleitorais de ocasião.
Até lá, talvez a Petrobras possa começar a divulgar índices de desempenho no campo da sustentabilidade, informando, por exemplo, quanto consome de água em cada uma de suas refinarias, por tonelada de petróleo processado, e comparando os seus números com refinarias de países sérios.