Os assim chamados ambientalistas de ONGs estrangeiras costumam protestar contra as usinas nucleares nos países em desenvolvimento e silenciar diante dos arsenais nucleares com fins militares de seus países de origem. Questões de conveniência. A ética humanista vale para os outros.
Historicamente, as imensas quantidades de resíduos gerados na produção e na disposição final – sempre temporária – dos armamentos nucleares militares contaminaram solos e águas. Os especialistas falam em “centenas de milhares de toneladas” desses resíduos só nos EUA.
E toda essa esbórnia sob gestão privada. A privatização do monopólio do uso da força – ou, melhor dizendo, da violência -, já amplamente utilizada pelos EUA na ocupação do Iraque com a presença dos soldados da Blackwater e similares, é um contundente indicador do colapso do estado como mediador de conflitos e de interesses.
Aos fatos. Em 1993, o governo da Inglaterra contratou um consórcio de empresas para geria o seu arsenal militar nuclear: Esse consórcio era formado pela Hunting Engineering, Brown and Root, e AEA Technology. Em 1998, o consórcio perdeu o contrato para um outro, formado pela Lockheed Martin, BNFL e Serco. Este último formou uma empresa chamada AWE Management.
A Lockheed também gerencia arsenais nucleares do governo dos EUA onde muitas vezes se defrontou com revelações de falsificação de informações sobre a segurança e o manuseio de combustíveis nucleares.
Agora, jornais britânicos revelaram que, na calada da noite, os ministros ingleses concordaram a venda da AWE para a Jacobs Engineering, empresa norte-americana baseada na Califórnia. Isso foi feito no dia anterior ao início do recesso parlamentar da Inglaterra, bem ao estilo das repúblicas de bananas.
À corrupção pura e simples usual nesse tipo de negociações soma-se a corrupção moral que sempre foi uma marca registrada da Inglaterra.
Em recente artigo publicado no The Guardian, George Monbiot chama a atenção para o fato de que mais de 25% dos paraísos fiscais existentes no mundo são colônias inglesas. Mais da metade dessas colônias são paraísos fiscais. E se da lista de colônias forem retirados os territórios ingleses na Antártida, as bases militares, os rochedos no meio dos mares com população escassa, e as ilhas Falkland (que são mantidas pelo potencial de petróleo na região), todas as outras 10 colônias são paraísos fiscais, concebidos e mantidos para que os bancos, as corporações e os muito ricos em geral possam fazer evasão de impostos de maneira legal.
É essa a Inglaterra que, como os EUA, se pretende guardiã da moral e da democracia do Ocidente cristão. God bless the Queen! E que se dane o resto do mundo.
Ah – são eles que têm um príncipe que se diz muito preocupado com a proteção das “nações” indígenas, das florestas Amazônicas, e de suas reservas estratégicas de minérios.
***
Registre-se os parabéns do autor deste blog ao jornalista Muntazer al Zaidi que atirou o sapato em Bush.