Os países que pesam na balança das emissões de gases causadores de mudanças climáticas preparam-se para negociar um novo acordo. A idéia de que cada país deve reduzir as suas emissões num determinado percentual independente de seu nível de desenvolvimento econômico e de sua população não encontra sustentação sequer no bom senso e só ‘’e aceitável para acordos entre os países mais ricos. A alternativa seria um acordo baseado nos níveis de emissão per capita, mas aí quem não aceita a proposta são esses mesmos países altamente desenvolvidos.
A alternativa mais sensata, no entanto, ainda não foi seriamente considerada: a “pegada carbônica”. O conceito surgiu nas viagens de Al Gore ou de bandas de rock, como forma de publicidade, referindo-se à quantidade de gases causadores de mudanças climáticas emitida durante a programação. Depois, estendeu-se a alguns poucos produtos nas prateleiras mais sofisticadas de lojas do primeiríssimo mundo. Se estendido aos produtos em geral e ao longo de seu ciclo de produção e consumo, a brincadeira muda completamente (na verdade, até hoje o conceito de pegada carbônica só vai até o momento da venda do produto e não envolve a sua disposição final).
A pegada carbônica é uma melhor plataforma para as negociações do ponto de vista brasileiro e, também, da equidade no estabelecimento de metas para a redução das emissões. De nada adianta dizer que certos países ou estados – como a Califórnia – conseguiram reduzir o consumo de energia dentro de seus limites territoriais se não se toma em consideração o fato de que para tanto outros países tornaram-se fornecedores de materiais cuja produção requer energia intensiva, como é o caso do Brasil.
Nessa perspectiva, na conta de quem entra a pegada carbônica do aço e do alumínio consumido pelos noruegueses, por exemplo? Na conta do fornecedor do aço e do alumínio – cuja produção demanda energia intensiva? Não faz qualquer sentido!
Afinal, as sociedades da alta tecnologia têm muito mais condições de reduzir as suas emissões porque compram produtos de baixíssima tecnologia e alto conteudo energético e vendem produtos de altíssima tecnologia e baixo conteúdo energético. Assim, falam na emissão de combustíveis nos carros mas não colocam na balança a pegada carbônica da produção desses mesmos carros.
E sequer consideram as muitas possibilidades de transferir tecnologia gratuitamente para países como o Brasil, em nome do tal bem comum da humanidade. Eles gostam do blá-blá-blá sobre a Amazonia que afaga a consciência de seus eleitores mas não sequer consideram a possibilidade de transferir, por exemplo, a tecnologia do uso de energia geotérmica para aquecimento e refrigeração de edificações, já bastante comprovada e difundida em países como EUA e na Alemanha.
E as cartas continuam marcadas no tapetão das reuniões diplomáticas e de burocratas já confortavelmente bem sentados e bem remunerados do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, como da ONU em geral (com destaque para o Banco Mundial).
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Citou-se, aqui, a Noruega por ser um desses países totalmente cínicos que anuncia com grande estardalhaço que doou US$ 10 milhões para um tal fundo de conservação da Amazônia – decisão que dá votos e ganha espaço na mídia – ao mesmo tempo em que decide investir US$ 2,54 bilhões na renovação de sua frota de caças militares (o preço de cada caça escolhido, o F-35, é de US$ 53 milhões).
Não é a toa que a missão que colocaria no espaço o satélite delatador de regiões com maior quantidade de emissões de gases de efeito estufa, não deu certo!
Caiu, assim, do nada!
Muito blá, blá, blá, ladainha, reme-reme junto da histórica fina arte de empurrar para baixo do tapete o que a maioria não pode ver: nações de 1° mundo (?) extremamente culpadas deste caos climático e que escondem enquanto podem seu rabo preso com o meio ambiente.