A decisão de editar uma Medida Provisória objetivando a regularização de posses na Amazônia já foi um claro sinal de que Lula e o núcleo do poder haviam encampado as propostas do ministro Mangabeira Unger no sentido de terminar com o caos fundiário na região, uma situação insustentável e inaceitável, apesar da gritaria de artistas e ONGs que parecem não saber ou desprezar o fato de que na floresta vivem 5 milhões de habitantes sem acesso a serviços básicos de saúde, saneamento, educação, e inseguros em relação à propriedade das áreas de onde tiram o seu sustento.Essa gente que protesta não vai lá, ouvir os tais “povos da florestaâ€, conviver com eles, ouvir o que têm a dizer.Como era de se esperar, a Câmara aprovou a Medida Provisória (alguma já foi rejeitada, na história desse tipo de derrame de MPs?).
Agora, é questão da mais pura aritmética. As estimativas são de que 400.000 posses serão regularizadas através de procedimento administrativo simplificado. Essas posses têm entre 100 e
Assim, entre 40.000.000 e 600.000.000 milhões de hectares serão regularizados. Trata-se do maior programa de regularização fundiária já ocorrido num curto espaço de tempo em toda a história do Brasil.
O ministro Carlos Minc afirma temer a iniciativa do Executivo.  Não é razoável, se o Poder Público se fizer presente, os percentuais de reserva legal serão iguais para  todos.  Além disso, só como  exemplo, o estado do Amazonas tem cerca de 4 milhões de habitantes vivendo em 1,5 milhões de quilômetros quadrados, uma das mais baixas densidades demográficas por unidade de área do mundo.  De seu território total, 98% são de cobertura de floresta tropical intacta, dos quais 52% em áreas de conservação federais e estaduais, e 27% em reservas indÃgenas.  Ou seja, se o estado souber proteger o que é seu, não há necessidade nem de inimigos ricos e poderosos e nem de esquálidas vigÃlias de gente que não representa nada, e muito menos os “povos da floresta”.Â
Parabéns ao governo. A alternativa seria mandar esses 5 milhões de pessoas mudarem-se para as propriedades da famÃlia real na Inglaterra, já que o PrÃncipe Charles gosta tanto das florestas amazônicas intactas enquanto o seu paÃs despeja na atmosfera uma quantidade imensa de gases causadores de mudanças climáticas e não consegue atingir metas acordadas com a própria União Européia.
Para que as conseqüências para a floresta não sejam desastrosas, o governo teria que colocar em operação um sistema de assistência técnica aos produtores rurais da região de dimensões proporcionais à nova realidade.  Isso não acontecerá e disso ninguém sequer cogitou.
Se os paÃses altamente industrializados que dedicam uma pequena fração de seus orçamentos militares à proteção da Amazônia quiserem, podem aumentar um pouquinho a esmola para que seja mobilizado o mega-aparato de assistência técnica para a rápida disseminação das tecnologias de plantio em aléias e outras técnicas adequadas ao convÃvio da floresta e de seus habitantes.
É quase certo que a floresta perderá.  Mas alguém propôs uma alternativa viável?
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Uma das multinacionais já presentes na Amazônia é a Ccca-Cola, que contratou estudos – já concluÃdos – para “padronizar” a produção de açaÃ, que faz sucesso no mercado internacional.  De quase duas centenas de variedades, restarão duas ou trës.  E logo poderão ser vistas plantations de açaÃ.
Grata pela boa notÃcia!!! Assistência técnica e extensão rural (ATER) qualificadas são o pivô das ações de campo, pois têm um papel primordial na possÃvel transição para sistemas de produção mais sustentáveis na Amazonia. E estao sendo cogitadas, ainda que de forma marginal. Na minha visao, a ATER e a
pesquisa agro-ecológica deverão dar apoio à produção (tecnologias, conhecimentos tradicionais) e à comercialização dos produtos demandados/inseridos num possivel novo contexto onde os eixos chaves – regularizaçao fundiária, produção/comercialização, apoio à s necessidades básicas de cidadania (saúde, saneamento, educação), conservação ambiental e detalhamento/implementação do ZEE – venham a ser trabalhados com a mesma prioridade pelos governos estaduais, municipais e federal.
Concordo plenamente! Mas o fato é que o extensionismo foi completamente desmontado na maior parte do Brasil. Funciona no sul, com dificuldades e muito heroÃsmo. Um pouco no Ceará. Ou seja, funciona como os serviços públicos essenciais – saúde, saneamento, educação. Em condições ultra-precárias na maior parte do paÃs.
O tempo que se perdeu foi o tempo em que as pessoas ficaram esbravejando pela preservação integral das florestas, até para que o Brasil aparecesse “bem na fita” da imprensa estrangeira, coisa de subdesenvolvido, esquecendo-se de que o que deu origem a tudo isso foi o conceito de “os povos da floresta”.
Enfim, vamos cruzar os dedos e torcer.
olá, luiz prado
uma correção: eu sempre defendi a regularização fundiária na amazonia;
afirmei que sem ela não há polÃticas públicas consistentes: cada terra tem 5 donos, cada cartório 5 andares, atras de cada papel um polÃtico inecrupuloso. lutei para incluir na mp cláusulas ambientais, p.ex. o art 15 que determina que quem receber o tÃtulo tem de demarcar a APP e Reserva legal, e não pode desmatá-las, se não perde o tÃtulo de propriedade. os ruralistas se mobilizaram para suprimir este e mais 4 artigos. estivemo toda a manhã de terça feira reunido com os lideres e o relator, e as cláusulas foram mantidas. na 4ª f a matéria foi votada até à s 23:30 hrs. os ruralistas apresentaram 5 destaques supressivos, inclusive, o principal, para este art 15. em todos perderam por 190 a 90 votos. a regularização impõe uma legalidade ambiental necessária, ajuda a combater o dematamento e reduz substancialmente a violência, oriunda da luta pela terra, grilagem ,etc.
saudações eco-libertárias do carlos minc
Resposta do autor
Parabéns! Conheço a sua incansável capacidade de trabalho. E fico feliz por vocë ter assumido o papel de Ministro de Estado e não de refém de ONGs. Talvez a sua assessoria de imprensa não tenha transmitido a informação completa, mas é mais provável que jovens não tenham ressaltado esses “detalhes”, mas apenas a visão do sensacionalismo conveniente à própria imprensa e à turminha da “vigÃlia”, que nunca viu as condições de vida dos habitantes da região.