Reverter o processo que conduz às mudanças climáticas seria, hoje, a prioridade número 1 da humanidade. Mas como essa reversão não é mais possível – e há consenso sobre isso -, a comunidade científica propõe cortes drásticos nas emissões de carbono de maneira a que o aquecimento global não seja superior a 2 graus Celsius, o que já causará problemas bastante graves em áreas costeiras e à produção de alimentos.
Acelerar a conversão da matriz energética para as fontes não poluentes não será tão fácil assim se mantidos as atuais taxas de crescimento populacional e o “modelo” de sociedade na qual o consumo é o motor da economia e o paradigma do “sucesso”, da felicidade, do reconhecimento social.
Aí reside uma importante questão de natureza filosófica, histórica, sociológica, antropológica, e mesmo biológica: a história da humanidade é uma história de guerras e conquistas mesmo quando elas eram totalmente desnecessárias. Similar ao processo de adaptação para chegar ao “topo da cadeia alimentar”.
Talvez o “poder” tenha uma raiz biológica, uma simetria com o impulso de expansão da vida que o ser humano levou a extremos, sem nunca, de fato, reconhecer “uma humanidade”. Matar os outros em guerras e invasões nunca foi considerado crime, e algumas das maiores barbáries foram sancionadas tanto pelo direito quanto pelas religiões.
De acordo com essa mesma lógica, os países mais fortes – ou mais altamente industrializados – já tratam as questões de mudanças climáticas como relacionadas à segurança nacional. Se possível, do planeta; mas sem descuidar de suas próprias prioridades nacionais… ou tribais.
O acesso aos recursos naturais já é, há muito, um business como qualquer outro, envolvendo invasões e lucros; agora, os problemas mais especificamente ambientais também já se tornaram um business comum – business as usual -, sujeito a lobbies, grupos de interesse políticos e econômicos, e a estratégias militares.
Como no próximo encontro internacional sobre mudanças climáticas, em Copenhague, é mais provável que não se tome nenhuma decisão relevante, as tensões em torno dos recursos naturais e da segurança territorial tendem a crescer. Então, para entender um pouco melhor os poderes que movem o mundo em que vivemos, vale assistir Zeitgeist, legendado em português (ou fazer o download, se a velocidade da conexão for baixa, ou ainda transcrevê-lo para um DVD, caso o software para fazê-lo esteja disponível), em
Zeitgeist, em alemão, significa espírito de época, espírito do tempo. O Zeitgeist significa, em suma, o conjunto do clima intelectual e cultural do mundo, numa certa época, ou as características genéricas de um determinado período de tempo.
O filme está dividido em três partes de aproximadamente quarenta minutos cada, que podem ser vistas separadamente após o download. A primeira – que se inicia depois de alguns poucos minutos com imagens de guerras – descreve as origens e consequências atuais do cristianismo como estrutura de poder. A segunda, contendo evidências de que o atentado de 11 de setembro às torres gêmeas foi planejado e executado pelo próprio governo norte-americano, avança na análise das técnicas de manipulação da percepção política dos povos. A terceira parte é sobre o capitalismo financeiro e sobre como incentivou e ganhou dinheiro com as guerras.
Ao que parece, o documentário Zeitgeist foi simplesmente proibido no Brasil, ainda que na surdina.
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Clicando no primeiro ícone à esquerda do símbolo Google situado na parte inferior direita do documentário, é possível assistí-lo em tela cheia.