Nas últimas semanas, a população do planeta ultrapassou 7 bilhões de habitantes. E continua a crescer de forma acelerada. Com esses números, qualquer falação sobre “desenvolvimento sustentável” é apenas mais um lero-lero (ainda que muitas iniciativas de todos os tipos sejam sinceras, bem intencionadas, e úteis).
Vale olhar por alguns minutos o medidor que se encontra no link abaixo e até utilizar a ferramenta que permite escolher alguma data no passado para saber qual foi o crescimento populacional num período qualquer, ou projetar a população para 2020, quando ultrapassará 8 bilhões de habitantes.
www.ibiblio.org/lunarbin/worldpop
Em outra página da internet, pode-se visualizar o crescimento populacional por país. No caso do Brasil ou da China, mesmo que as taxas de crescimento tenham decrescido, o crescimento da população continua. De fato, só ocorre um decréscimo da população em casos excepcionais como Alemanha e Japão.
www.mnsu.edu/emuseum/information/population
As preocupações ambientais contemporâneas originaram-se da percepção da pressão sobre os recursos naturais causadas pelo crescimento populacional e pela disseminação do modelo da sociedade de consumo.
Estranhamente, as iniciativas orientadas para o controle da natalidade tão presentes nas décadas de 60 e 70 foram aos poucos desaparecendo. Talvez isso tenha ocorrido por influência das grandes corporações que controlam os governos e preferem assegurar o crescimento da demanda, ainda que com algumas esmolas para os países africanos.
De fato, o desenvolvimento ufanista atingiu mesmo ONGs chapa-branca como o World Resources Institute (www.wri.org) – baseada em Washington – que pouco antes do último colapso financeiro publicou, com orgulho, um estudo intitulado Os Próximos Três Bilhões, em que definia estratégias para integrar essa população ao mercado de consumo.
ONGs que falam de “biomas” sem considerar a questão demográfica não valem o feijão – ou o caviar – que comem. Sem o ser humano, não haveria NENHUM problema ambiental. Se a demanda chinesa por soja ou milho aumentar, as reservas legais vão para o ralo, até porque o Brasil vive de exportar produtos primários. Sem essas exportações, não haverá crescimento da economia, geração de divisas, nada.
Com esse crescimento populacional e o império chinês mirando o Brasil – além da África – para assegurar o seu suprimento de matérias-primas (alimentos e minérios), o quadro se agrava, ainda que em meio ao ufanismo de ocasião que caracteriza o atual ciclo político brasileiro. Ufanismo vazio, no caso de um país que exporta minério e importa trilhos.
Mais do que nunca, também na área ambiental vale o velho ditado: o pior cego é aquele que não quer ver.
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O título deste artigo é de autoria de Paulo Sérgio Duarte, brilhante crítico de arte – um verdadeiro mestre, de notável bom humor -, e foi retirado do primeiro capítulo de seu livro Arte Brasileira Contemporânea – Um Prelúdio.
Luiz, meio ao labirinto chamado vida, seus textos são espelhos que refletem em nossa mente as sombras da realidade. Parabéns.