Não existe UM grupo ou movimento que se possa chamar de “ambientalistaâ€, “verde†ou “ecologistaâ€. Essas são palavras inventadas pela mÃdia, mas não conferem qualquer unicidade aos movimentos que assim se autodenominam. E a prova veio rapidamente assim que se encerrou o primeiro turno das eleições: Marina se eclipsou e os “verdes†partiram na busca de suas melhores oportunidades de ocupação de cargos e das benesses do poder. São dois prá cá, três prá lá. A polÃtica verde é uma polÃtica como qualquer outra e, por não ter força, adesista.
Os “verdes†não se consolidaram em nenhum paÃs do mundo. Dilma e Serra estão se lixando para a proteção ambiental, mas pegaram alguns motes convenientes do discurso para ficar bem na fita. Nada diferente de outros lÃderes polÃticos em outros paÃses ditos “emergentesâ€, à exceção da China que já decidiu transformar meio ambiente – genericamente falando – em business as usual, uma oportunidade de negócios e de eficiência econômica como qualquer outra.
Marina, depois que descobriu a palavra “transversalidadeâ€, muito usada por pensadores e psicanalistas franceses na década de 70, encantou-se. Fala, fala, mas não faz, nunca fez, e não gosta de ouvir os setores da sociedade que realmente trabalham com a questão ambiental de maneira séria: os engenheiros, hidrólogos, geólogos e outros dos órgãos de gestão ambiental do poder público, os agrônomos da EMBRAPA, os especialistas em climatologia do INPA, os produtores rurais que difundiram a prática do plantio direto na palha sem o “alto patrocÃnio do governo†e colocaram o Brasil entre as referências mundiais nessa área que combina a proteção dos solos com a das águas e da biodiversidade. Ou seja, transversalidade com a condição de que seja aceita integralmente a pauta dela própria e de seus comparsas das ONGs.
A exclusividade da ênfase na Amazônia faz parte da tática já desmascarada que consiste em fazer mega-estardalhaços com a presença de jornalistas mais jovens para jogar uma cortina de fumaça sobre as máquinas de imprimir licenças nos bastidores, como ocorreu com Belo Monte e com o Complexo PetroquÃmico do Rio de Janeiro – COMPERJ, com total descaso pelas questões ambientais e todas as outras: sociais, urbanÃsticas, de infra-estrutura de água e esgotos, serviços públicos de educação e saúde, e por aà afora. A disputa pelo uso do rótulo “sócio-ambiental†é, evidentemente, vazia de conteúdo, tanto ou mais do que o S final do BNDES.
Depois de 45 milhões de metros quadrados de terraplanagem, Itaboraà – onde se localizou erroneamente o COMPERJ –  começa a receber, nos próximos meses, alguns milhares de operários – fala-se, localmente, em contratações diretas de 25.000 pessoas – e a cidade não tem um mÃnimo de infra-estrutura sequer habitacional, ou de educação, saúde, saneamento básico. Nada! As mega-favelas serão inevitáveis. Os profissionais de melhor salário já estão optando por morar em Niterói ou em outros lugares. A dúvida, agora, é se Itaboraà ficará pior do que Duque de Caxias ou Macaé, que se “desenvolveram†aos trancos e barrancos.
É isso que os ambientalistas de plantão chamam de desenvolvimento sustentável e de diretrizes polÃticas sócio-ambientais? E as emissões do pré-sal, da nova refinaria, da termelétrica à carvão no norte-fluminense, da aciaria chinesa que lá se instalará? Serão “compensadas†plantando “arvrinhas†ou vamos fazer como os chineses e os paÃses desenvolvidos em meios de transporte menos burros do que os tais “BRT†que agora encantam a cidade do Rio de Janeiro (faixas exclusivas de ônibus, já velhas em Curitiba e em São Paulo, na sigla em inglês Bus Rapid Transit, que atenda à antropofagia cultural os tupiniquins), por exemplo.
A China atingiu, em 2010, a marca de 100 milhões de bicicletas elétricas em circulação e atingirá, em 2012, algo como 15.000 km de ferrovias com trens de alta velocidade que superam em velocidade máxima e média os sistemas ferroviários da Alemanha, da França e do Japão. Entre outras coisas.
Gestão de recursos ambientais é mesmo coisa séria demais para deixar nas mãos de “verdes†e outros slogans.