Historicamente, quem se encarregou de resolver problemas de meio ambiente nas mais diversas áreas não foram as ONGs, mas cientistas e tecnólogos das mais diversas formações. Isso não mudou em nada com o advento dos problemas relacionados à s mudanças climáticas. Mas, agora, à farsa ambientalista somaram-se até mesmo os financistas, que fazem “Ãndices†de carbono eficiente e – se bobear – colocam derivativos de opções de derivativos nos mercados de carbono, para resgate dentro de uma década.
A farsa da “transição para uma sociedade de baixo carbono pode ser parcialmente avaliada pelo fato de que carros elétricos continuam usando eletricidade com o mesmo potencial de emissões de carbono da matriz energética de cada paÃs. A origem do desenvolvimento de veÃculos elétricos não esteve nas preocupações com as mudanças climáticas, mas nos problemas de poluição do ar em áreas urbanas e metropolitanas de altÃssimo tráfico de veÃculos de transporte individual. Nesse campo, a Califórnia foi pioneira. Mas a produção de eletricidade nos EUA – que será usada para carregar a bateria desses veÃculos – não mudou de maneira substancial de uma fonte primária para outra.
É compreensÃvel que as pessoas gostem do marketing sobre um problema ainda não resolvido pelos cientistas e tecnólogos: a geração de energias limpas, ou menos sujas. Afinal, a esperança é componente essencial da vida humana, e a sua manipulação sempre ocorreu. Em muitos casos, as pessoas e sociedades optam por não ver o óbvio.Â
Também nos paÃses desenvolvidos há um pacto de silêncio sobre o uso de carvão como fonte de geração de energia. Restrições aqui e ali, promessas mais adiante de que em cinco anos uma empresa inglesa já terá desenvolvido a tecnologia, mercado negro de créditos de carbono, e ao final ninguém diz que crescem a passos largos as exportações de carvão dos EUA (diretamente ou através de portos canadenses, ao estilo dos navios de bandeira panamenha), da Austrália, da Colômbia e da Ãfrica do Sul e outros para a Ãsia e, em particular, para o crescente mercado da China e da Ãndia (além da Japão, Coréia e outros), de onde os produtos saem de volta para os grandes mercados consumidores sem que estes avancem na marcação de sua “pegada carbônicaâ€.
Afinal, as notÃcias sobre as reduções locais das emissões de carbono e o plantio de óleo de palma “certificado†para fazer biodiesel servem como bons lubrificantes sociais.
Traçar a “pegada carbônica†é algo mais conveniente para shows de bandas musicais que salvarão o planeta do que para o grosso do cmércio internacional. Fazer isso com os produtos finais seria muito inconveniente para empresas que têm selo verde e que fazem marketing sobre o controle da cadeira produtiva da madeira, para a boa consciência dos consumidores dos paÃses altamente industrializados, para o desempenho eleitoral de alguns polÃticos, e para muita gente mais.
Tradicionalmente, o carvão era queimado próximo ao seu local de extração, mas agora cresce, as exportações de longas distância, bem como o preço, que duplicou nos últimos 5 anos.
Novos projetos de mineração de carvão estão em desenvolvimento das Montanhas Rochosas até a costa do PacÃfico dos EUA, sem que isso prejudique a boa consciência de quem consome e defende a produção de “energia verde†no paÃs (essa é, de fato, uma boa causa!). Novas terras públicas são arrendadas para mineração e novos portos estão sendo construÃdos para a exportação de carvão.
Fazem leis estaduais que limitam ou taxam emissões de carvão nos estados ou mesmo nacionalmente e a seguir exportam o carvão, para importar produtos manufaturados com a sua queima. Eles são umas gracinhas, não são? Quem os vê assim tão orgulhosos de seus selos verdes, de seus certificados de responsabilidade socioambiental, os compra. Licenciam uma térmica a carvão e no dia seguinte dão uns trocados para limpar uma lagoa ou para plantar umas árvores com a denominação de “compensação ambientalâ€, sem que ninguém vá lá conferir onde foi parar o dinheiro.
As exportações australianas de carvão para a China cresceram de US$ 508 milhões no ano 2000 para US$ 5,6 bilhões em 2009. Ainda que o Japão e a Coréia continuem sendo os maiores importadores do carvão da Austrália, gigantes locais do setor estão investindo bilhões na mineração em novas áreas para cumprir contratos futuros de exportação para a China.
Agora, chega. É melhor ir tomar um Chateau alguma coisa em algum restaurante da moda. Empresários espertos, ambientalistas de ocasião e polÃticos que se utilizam do imaginário infanto-juvenil na área ambiental preferem falar da Amazônia como estoque de carbono fixo do que do pré-sal como fonte emissora de carbono para a atmosfera. Há assuntos que viram tabus e para o os quais a maioria prefere não estabelecer qualquer relação entre os pontos A e B, ainda quando notÃcias tão conflitantes estejam na mesma página dos jornais.