“No Brasil, a construção em áreas de risco é mais a norma do que a exceção”. Crítica velada ao governo Lula que só lançou um programa habitacional ao final de seu segundo mandato ou frase feita, de algibeira, soprada no caminho das serras do Rio de Janeiro? A imprensa foi muito mais sensata ao falar em “eventos climáticos extremos” – sem qualquer referência ás mudanças climáticas que se tornaram uma constante nos debates intrnacionais sobre meio ambiente.
Numa outra notícia, informa-se que a casa do sítio que inspirou Tom Jobim a compor Águas de Março foi destruida pelas chuvas. Ela certamente não estavam em “área de risco”. Como não estavam em “áreas de risco” a antiga e lindíssima estrada Teresópolis-Friburgo, muitos condomínios de luxo, edifícios no centro das cidades e por aí afora. Essa tentativa de cafetinar catástrofes naturais só merece o mais total desprezo.
Se deixar por conta dessa turma, Pompéia e Herculano estavam em “áreas de risco” e a culpa de tudo foi dos grego-romanos que ali construíram as belíssimas cidades (que, diga-se de passagem, já tinham coleta de esgoto).
A redução do risco nas construções em encostas é feita com geologia, com engenharia estrutural, com muros de contenção, e não com parolagem. Há construção em encostas em toda a Europa e nos EUA, sem que isso impliquei em deslizamentos por terem sido usados bons recursos de engenharia – aqui, quem comanda são empreiteiras que cobram por metro cúbico do cimento que ninguém mede – e o estado da arte na construção civil.
Para evitar o uso ambientalóide de mais um evento climático extremo, vale observar imagens da Austrália destes últimos dias. Lá não existem construções em “áreas de risco” e a devastação das inundações atingiu uma área equivalente à soma dos territorios da Inglaterra e da Alemanha. Com bom senso, a primeira-ministra australiana limitou-se a dizer que os esforços necessários para reconstruir o país serão equivalents àqueles utilizados no pós-guerra. E voltou ao trabalho!
O lero-lero das autorifdades públicas – que, do nada, falam em buscar R$ 1 bilhão no Banco Mundial – vale consultar a página da Confederação Nacional dos Municípios – CMN que o governo gasta 10 vezes mais em resposta aos desastres naturais do que em prevenção.
É mesmo preciso ter uma visão mais ampla da situação!
Em se tratando de fenômenos da natureza, todos estamos em área de risco e voltando no tempo chegaremos ao dilúvio bíblico.Contra as forças da natureza não há quem possa. Dizem que quando se deseja muito alguma coisa a natureza conspira a favor,assim, imagino que ela deva estar revoltadíssima com a natureza de alguns humanos insensatos.
Quando criança, morávamos em um sítio cortado por um rio e meu pai sempre dizia que devíamos manter a margem do rio sempre limpa de quiçassas pois águas são feitas para correr e as quiçassas eram obstáculos que desviavam o curso das águas em época de enchentes.Assim, ele aproveitava as margens para cultivar hortaliças.Essa teoria em tempos passados é da roça,hoje a teoria nasce nas universidades.
A chuva ainda não deu trégua, o sol não raiou
As pessoas ainda juntam os cacos do que restou
É preciso força para retomar a vida, o mundo
Depois de se perder quase tudo num segundo
Tragédia natural não é exclusividade, é verdade…
Por que, então, sofremos mais com as tempestades?
Deus é brasileiro, não temos terremotos nem furacão
Mas pecamos no planejamento, vontade e organização
Portugal passou por suplício como o que se apresenta
Em falecimentos, só 10% daqui: pouco mais de quarenta
Na terra que zombamos ter pouca inteligência
Governos dão de goleada quando há urgência
A Austrália, do outro lado, foi ainda mais exemplar
Como mostrou, na TV, um brasileiro que lá foi morar
Eles monitoram o nível dos rios com grande precisão
Por carta, avisaram todos com 24 horas de antecipação
Mas aqui o relevo é outro, uns dirão
Por si só não justifica, não é explicação
Populismo, impregnado, responde por esse mal
Ah, se nossa inteligência fosse a de Portugal…
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