Durou relativamente pouco tempo o tal do “choque de ordem” no Rio de Janeiro. Não que ele tenha sido mal intencionado, mas não houve persistência, perseverança, continuidade. Passada a fase midiática, a Prefeitura mudou de assunto. Ou não houve uma correta avaliação do tamanho do problema, da mesma forma que nas ocupações das favelas.
A população de rua no Centro do Rio de Janeiro é visível para qualquer um que resolva dar uma volta por lá a partir das 20 horas. Mas essa população anda acordando tarde. E a Centro, ficando sujo ate mais tarde.
As fotos abaixo não foram feitas em nenhum subúrbio, mas em plena rua Pedro Lessa, quase esquina com a movimentada avenida Rio Branco, em torno das 9 da manhã de uma sexta-feira (recente). Ali fica o imponente prédio da Justiça Federal, com o seu centro cultural. E, a menos de uma quadra, o Teatro Municipal, a Biblioteca Nacional, a Câmara dos Vereadores – um dos mais lindos conjuntos arquitetônicos do Rio de Janeiro.
Esse tipo de coisa não se resolve só – ou nem principalmente – com “bolsa-família”. Esse programa, concebido originalmente pelo Banco Mundial e adotado em muitos países da América Latina com diferentes nomes, tinha na sua origem o objetivo de assegurar o aumento da frequência escolar, dando às famílias o sentimento de que era bom “investir” na educação. Sem os correspondentes investimentos massivos na educação pública de qualidade, o programa encerra-se no discurso populista e transforma-se num mega-curral eleitoral. E as pessoas que se virem.
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Falar do Rio de Janeiro lindíssimo é fácil. De fato, o Rio é escandalosamente bonito. Ressaltar essas mazelas que a todos doem, é chato, mas é imprecindível para que elas sejam sanadas.
Mas esse tipo de coisa também não se resolve com choque de ordem. Choque de Ordem esse que continua acontecendo, agora principalmente coibindo manifestações culturais populares.