Quando ficou claro que a administração Obama sonhava com o estabelecimento de limites para as emissões de gases causadores de mudanças climáticas, o agronegócio negócio norte-americano aproveitou os temores dos maiores responsáveis por tais emissões – geradores de energia, petroleiras, indústrias – e desencadeou forte campanha pela defesa das florestas tropicais, em particular no Brasil. Essa campanha envolveu abertamente uma ONG de lá com atuação aqui, e talvez outras de forma mais discreta.
Ninguém com um mínimo de bom senso acredita que o agronegócio norte-americano esteja ou tenha estado em qualquer momento interessado em florestas de qualquer tipo e, ainda menos, num país distante. Ou na biodiversidade, ou nas mudanças climáticas. Mas… por que o Brasil?
Por uma razão simples, demasiadamente simples: o temor da concorrência com os produtos agropecuários brasileiros! Eles querem a abertura do mercado brasileiro para os seus produtos de alta tecnologia mas fecham os seus mercados para as “commodities” agrícolas como o algodão e o etanol.
O uso de “cotas” e sobretaxas para atingir esses objetivos espúrios é o “normal” norte-americano – e o Brasil que se vire na Organização Mundial do Comércio (OMC), cujas decisões, de toda forma, não são lá muito respeitadas pelos EUA.
Essa campanha farsante incluiu a confecção e o envio para os congressistas de um vídeo curto sobre os riscos e potencias prejuízos para o agribusiness dos EUA diante do crescimento das exportações brasileiras. Essa peça publicitária usada para que o Congresso norte-americano não aprovasse lei contendo metas de redução das emissões de CO já foi mostrada neste blog, mas no atual momento vale relembrar essas raízes da mentira.
Com a muita grana e descaramento dessa turma, não é de se admirar que tenham crescido os recursos financeiros para ONGs de lá com franchises aqui acirrarem campanhas mentirosas contra o trabalho que vem sendo feito pelo Congresso Nacional em relação ao nunca votado “código florestal” (que não é código de coisa alguma, mas um fuxico de conceitos abstratos e mal costurados). Afinal, é tão fácil capturar o imaginário de adolescentes e jovens urbanos que nada conhecem da produção de alimentos e menos ainda de conservação de solos ou de recursos hídricos.
Com a derrota final das proposta de Obama no Congresso dos EUA, esse apoio ao lobby feito no Brasil deveria ter-se reduzido. Mas as pressões continuaram porque a posição brasileira na produção agropecuária internacional continua a ameaçar os interesses da produção de alimentos lá altamente subsidiada e consumidora de combustíveis fósseis.
De fato, os pecuaristas norte-americanos desencadearam nova ofensiva para contingenciar a exportação de carne brasileira. Alegam aftosa, doença da vaca louca, qualquer mentira – e até que o gado provem de áreas desmatadas ilegalmente. Logo eles, que têm a mais antiquada e menos sustentável produção pecuária do mundo: 10 calorias de petróleo por caloria de alimento produzida. Uma carne vagabunda, de gado criado em grandes campos de concentração, alimentado com milho, soja, hormônios e antibióticos. Querem manipular o preço da soja mas não querem qualquer valor agregado fora de lá.
E financiam ONGs “ambientalistas”. Os impostores, é como deveriam ser conhecidos. Não é essa a agropecuária que queremos!