Aumenta o número de notícias sobre o cultivo de vegetais para alimentação humana em áreas urbanas dos EUA.
Os “agricultores urbanos” e muitos especialistas atribuem o rápido crescimento dessa prática à recessão econômica. Os temores relacionados às mudanças climáticas talvez contribuam para o desejo de estar mais próximos de suas próprias fontes de alimentos, algo que nunca desapareceu completamente em países como a Alemanha e o Japão, que viveram tempos de guerra e de escassez de alimentos.
Nos EUA, essa prática tampouco desapareceu, ainda que tenha se mantido como forma de lazer e de educação das crianças. Lá existe uma Associação Nacional de Jardinagem, cujo site tem uma área específica para o que se poderia denominar de “jardins para a alimentação” (já que a tradução literal “jardins vegetais” soaria redundante em português), além de muitas outras informações úteis.
Recentemente, o diretor de pesquisa dessa organização atribuiu o rápido crescimento desse tipo de agricultura urbana à rápida elevação dos preços de alimentos e ao acelerado crescimento do número de “consumidores conscientes”.
Até recentemente, a idéia de “alimentos produzidos localmente” esteve associada apenas a uma elite endinheirada que podia pagar mais pelo que estava na moda. Mas, segundo o presidente de uma das maiores redes de verduras e legumes dos EUA, a grande mudança começou com a concordata do banco de investimentos Lehman Brothers, em 2008: “a ansiedade sobre o dinehiro cresceu rapidamente, afirmou. Mas, ao que tudo indica, o que se cresceu mesmo foi a falta de confiança no sistema financeiro como provedor de riquezas, e isso já foi um grande passo para uma mudança de rumos na economia.
Entrevistada, uma professora de uma pequena cidade do Kentuchy, afirmou que as suas despesas com alimentação caíram à metade com a produção própria e com a aquisição de maiores quantidades de alimentos de produtores locais para fazer conservas.
Essa tendência é diferente da que se encontra nas grandes cidades: não há certificação do tipo “orgânico” ou propagandas desse tipo; as pessoas produzem e compram para reduzir despesas mesmo, e usam as mais variadas técnicas para conservar os alimentos, ou os congelam.
“Esse é o meu verdadeiro seguro-social” – afirmou durante uma entrevista um ex-trabalhador na mineração de carvão que resolveu plantar. Pedaços de terras nas encostas dos morros estão se transformando em “jardins de alimentos” com grande velocidade.
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Imagens da agricultura urbana em plena área urbana de Sacramento, capital da Califórnia, são uma boa ilustração do assunto. Felizmente, eles não têm, lá, jovens ingênuos, bem intencionados e autoritários do Ministério Público que insistem na aplicação da reserva legal até mesmo em áreas urbanas. Na verdade, eles simplesmente não têm esse conceito de reserva legal, intocada e que deve ser mantida com vegetação nativa até mesmo no semi-árido nordestino.
Os conceitos de áreas de infiltração para recarga do lençol freático, controle de poluição e contenção de cheias, bem como de segurança alimentar para as áreas urbanas e de proteção da biodiversidade são bem mais sofisticados e efetivos do que essa mega-tolice nacional. Mas esses são outros assuntos.