Começa, agora, a enganação da “economia verde”.  Para que ela se torne verdadeira, falta, apenas, combinar o lance com a economia real.
Tudo começou quando se fazia necessário definir um tema qualquer para o evento turÃstico das burocracias internacionais que recebeu o apelido de Rio + 20.  Na falta de temas reais, a venda do sonho arquitetado nas salas emboloradas dos bancos mundiais da vida, dos órgãos da ONU cujos boletins médicos acusam “sinais vitais estáveis”, a usual fábrica de sonhos para dar a impressão à juventude de que alguma coisa está mudando na mesmice das negociações internacionais sobre meio ambiente.
Da economia verde, pode-se dizer que o seu principal fundamento seria a anti-economia, a redução drástica do consumo pelo menos da parte mais supérflua dos badulaques que caracterizam a sociedade afluente.  Não há sequer indÃcios – e nem sequer de slogans – propondo a redução do consumo num perÃodo em que uma leve redução nas taxas de crescimento já causa grande estrago nas economias que deveriam conceber, gestar e parir a tal da economia verde.
Não havendo mudança – ou sequer proposta de mudança – nos volumes de consumo, o que poderia, então, ser a tal da economia verde, se a evolução da ciência e da tecnologia?
Justamente a ciência e a tecnologia que foram, tradicionalmente, o instrumento por excelência dos mais poderosos.  Qual a proposta?  Que os mais avançados nesses campos compartilhem os seus conhecimentos com os menos avançados através, por exemplo, da quebra geral do sistema de patentes dos produtos que caracterizariam a tal da economia verde?  A Inglaterra, por exemplo, abriria mão de seus sonhos de tornar-se o maior exportador mundial de equipamentos para energia oceânica em nome do desenvolvimento sustentável dos paÃses africanos mais pobres que ainda têm na lenha a sua principal fonte de energia?
Vale começar uma reflexão sobre o assunto, ao menos para que a enganação da nova bandeira não oculte a verdadeira face de “exército Brancaleone” de seus arautos.
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Para quem quer ler algo sério sobre economia verde, além dos papers usuais das usuais ONGs e dos demasiadamente usuais organismos da ONU, Amory Lovins disponibiliza o Sumário Executivo de   Reinventing Fire na página do seu famoso e tradicional Rocky Mountain Institute.  Na década de 80, Amory já era conhecido por sua profissão de fé na energia solar, que até hoje não se confirmou (o que em nada reduz os seus méritos como cientista).  A versão integral de seu “Reinventando o Fogo – Soluções Empresarias Audaciosas para uma Nova Era da Energia” tem que ser adquirida mesmo.
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As considerações macro-econômicas aqui contidas não excluem a existência de claros nichos que podem ser atribuÃdos, ao menos parcialmente, à dinâmica da “economia verde”, com ênfase na eficiência energética e nas energias renováveis.