O “ambientalismo” morreu de morte morrida. Nenhum profissional com atuação na área ambiental jamais se auto-denominou “ambientalista”. “Ambientalistas” nunca contribuiram para a limpeza de rios e lagoas – cuja qualidade das águas só piora no Brasil – ou mesmo para a boa gestão de parques e outras unidades de conservação, ou para a eficiência energética e para o conhecimento ou o combate às mudanças climáticas. A indiferença de todos diante da recente abertura da Cúpula das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas é uma espécie de epitáfio do tema e do natimorto Protocolo de Kyoto, que pretendia reduzir a emissão de gases causadores das tais mudanças climáticas (não deixa de ser divertido ver a costa-riqenha Christiana Figueres falar para um plenário vazio nessa abertura usando um véu muçulmano).
O “verde” também já foi para o brejo. Agora há festas “verdes” do Oscar e eventos da alta-costura “verde”.
Na sequência, será a vez da tal da “sustentabilidade”, que já é usada até por bancos, ora para falar do “crescimento sustentável”, ora para ir adiante com algum surrado programa de “marketing-verde” (conhecido como green-washing). Recentemente, “diretor de sustentabilidade” (chief sustainability officer) da Unilever, Gail Klintworth, afirmou que está “começando a odiar a palavra sustentabilidade”. Nada como a sinceridade! Um vice-presidente senior da Oracle, Rodeger Smith, explicou que a palavra se desgastou por ser “amplamente super-utilizada” (overused).
“Inovação” e “eficiência” seriam palavras mais adequadas? Talvez, mas num esforço de mudança tem-se usado a palavra “resiliência”, que o grande público não sabe o que é e portanto ainda pode dar a impressão de algo novo. Na Fisica, resiliência é a capacidade que tem um material para se distorcer quando absorve energia sem se deformar de maneira permanente. Seria, talvez, a capacidade das sociedades – mas sobretudo das corporações – de se transformarem sem se desestruturarem.
O tempo dirá quais serão os novos conceitos. Talvez as sociedades voltem aos clássicos conceitos de ciência – tradicional sinônimo de inovação -, e da eficiência e boa gestão, bases tradicionais do desenvolvimento da economia real. Outros interesses surgirão, novos ou antigos, na área espacial e das conqustas tecnológicas ou em torno da reorganização dos espaços urbanos e do mero e surrado saneamento básico (assunto há muito superado pelos países sérios). O WWF Brasil continuará produzindo notícias eventuais sobre reflorestamento com espécies nativas, apoiado pelos US$ 22 bilhões que o WWF dos EUA tem como ativos financeiros. Mas a mudança já se encontra em curso.
“Adaptação” – será, talvez, a palavra escolhida para a nova onda.
Às vezes a clareza choca…. Às vezes esta tão na cara que não…. só faltava dizer…. agora não falta mais….
certamente, com o cinismo imperante, daqui alguns anos irão falar, eureca…. vamos inovar… !! rsrs
O que mais choca é que no Brasil não podemos falar de um só rio cuja qualidade da água melhorou após quase 30 anos da existência de órgãos ambientais (os do Rio e de São Paulo são anteriores à lei federal), não há nenhum parque plenamente implantado (ou desapropriado). Ou seja, as políticas de gestão ambiental fracassaram, como fracassaram as de educação, saúde pública e outras. Enquanto isso, nos países sérios os problemas ambientais foram totalmente – ou quase totalmente resolvidos, restando apenas os “globais”, que não dependem de um só país. Seja como for, em nenhum lugar o PV cresceu e se consoldiou, e nenhum governo de país sério quem resolveu os problemas de meio ambiente foram profissionais de engenharia, geologia, hidrologia e por aí afora, nunca “ambientalistas”.