Apenas 90 empresas e países produtores de petróleo geraram 2/3 das emissões humanas de gases causadores de mudanças climáticas. A conclusão é de um estudo publicado pelo “jornal” Mudanças Climáticas (com 4.399 artigos publicados em 353 edições cobrindo o período 1978-2014). O estudo, de autoria de Richard Heed, intitulado Rastreando as Emissões Antropogênicas de Dióxido de Carbono e de Metano Provenientes dos Produtores de Combustíveis Fósseis e de Cimento, 1854 – 2010 mostra que 50 empresas privadas, 31 estatais e 9 nações produtoras de petróleo, gás, carvão e cimento foram “responsáveis” fizeram esse estrago todo (“responsáveis” entre aspas porque não haveria produção sem consumo).
Cerca de 30% das emissões foram resultado das atividades de apenas 20 empresas. A estatal soviética que atua nessa área foi responsável por 8,9% das emissões, seguida de perto pela sua similar chinesa, com 8,6%. Entre as empresas privadas, a “liderança” fica com a Chevron-Texaco – 3,5% das emissões totais -, seguida pela Exxon – 3,2% dessas emissões.
“Há milhares de produtores de petróleo, gás e carvão no mundo. Mas aqueles que decidem – os CEOs das empresas e os ministros do petróleo e do carvão, podem todos caber em um ou dois ônibus de passageiros” – afirmou o autor do estudo e pesquisador do Instituto de Contabilidade Climática, do Colorado, EUA.
Cerca de metade das emissões totais ocorreram nos 25 anos anteriores a 2010, e essas empresas ainda têm como ativos reservas tão grandes de petróleo, gás e carvão que, se exploradas, aumentarão de maneira decisiva os impactos das mudanças climáticas.
Para não responsabilizar apenas as empresas, vale dizer que os países altamente desenvolvidos subsidiam a exploração de petróleo, gás e carvão com isenções tributárias que totalizam US$ 88 bilhões por ano! Esse valores foram resultado de estudos feitos por uma tradicional e robusta organização inglesa ODI e pela norte-americana Oil Change International, e se encontra disponível para download nas páginas de ambas na internet.
A governo da Inglaterra – que tanto fala na necessidade de proteção das florestas tropicais – tem sido um dos mais generosos na concessão desses incentivos tributários, com isenções que totalizaram US$ 4,5 bilhões para empresas de diversas nacionalidades atuarem na exploração do petróleo do Mar do Norte, que declina rapidamente. Desse total, US$ 1,2 bi foram concedidos a duas empresas francesas – GDF-Suez e Total -, US$ 450 milhões para empresas norte-americanas – incluindo a Chevron – e US$ 992 milhões para empresas britânicas. O governo da Inglaterra também deu incentivos com recursos públicos para que empresas ampliassem as suas atividades de sondagem e exploração em países como o Azerbaijão, o Brasil, Ghana, India, Indonesia, Guiné, Rússia, Uganda e Qatar.
O relatório também critica os países do G-20 por permitirem que dinheiro subsidiado seja canalizado para a exploração de petróleo, gás e c carvão através do Banco Mundial e outras organizações financeiras multi-laterais, num total de $ 520 milhões por ano – quatro vezes mais do que para energias renováveis.
A total divergência entre os dicursos oficiais e a realidade é escandalosa!
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Atenção, turma que tenta atribuir a seca em São Paulo e em outros estados ao desmatamento na Amazônia (hoje com área total no Brasil já protegida em mais de 40%, com unidades de conservação e terras indígenas: os regimes de chuva e hidrologia da Amazônia dependem em grande parte do degelo nos Andes, que continuará aumentando em decorrência das emissões globais dos gases causadores de mudanças climáticas.