O reservatório da hidrelétrica de Sobradinho, responsável pela geração de 58% da eletricidade consumida na região nordeste, encontra-se com apenas 5,4% de sua capacidade de reservação de água, segundo o Operador Nacional do Sistema – ONS.
Como é praticamente inevitável que isso ocorra, o assim chamado “governo” tenta apenas adiar mais esse colapso reduzindo a geração dessa hidrelétrica para menos de 15% de sua capacidade instalada e aumentando a liberação de água do reservatório da hidrelétrica de Três Marias, em Minas Gerais.
Agora, contratam-se “obras emergenciais” – que dispensam licitações –, ainda que esse colapso já estivesse previsto há vários meses.
As pessoas não gostam de más notícias, e isso de uma certa forma isso é “natural”, ainda que alguns povos sejam mais propensos do que outros a transformá-las em ações – de curto ou longo prazo – para fazer face a novas realidades, enquanto outros preferem a solução do avestruz.
No caso brasileiro, a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República preferiu a demissão dos coordenadores dos estudos sobre os impactos das mudanças climáticas no Brasil quando recebeu a versão preliminar do relatório que deveria ser divulgado em abril deste ano (2015). Infelizmente, o conteúdo dessa versão que desagradou o assim chamado governo não vazou para a imprensa. A lealdade à hierarquia administrativa foi maior do que o amor à verdade e à transparência.
Agora, aqui e ali, começam a ser divulgadas algumas frações do que dizem os cientistas. A imprensa foi tímida na divulgação do Plano de Ação Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca de Minas Gerais, um nome de fantasia conveniente para usar a expressão “mudanças climáticas”.
Mas alguns números são suficientemente claros: 20 anos para que toda a região onde se encontram as nascentes do rio São Francisco e outros esteja completamente desertificada.
O ano se passou e a administração pública federal e da maioria dos estados limitou-se a discutir o naufrágio político e/ou financeiro, além de como meter mais ainda a mão no bolso dos contribuintes.
Talvez seja hora de estabelecer laços de cooperação técnica mais estreitos e mais dinâmicos com a Califórnia, o Texas, a administração Obama de um modo geral (que mudou complemente a percepção da nação sobre as mudanças climáticas), com Israel e outros já acostumados a enfrentar os problemas da escassez de água de frente e com sucesso.
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Um comentário em “O Rio São Francisco Também Ameaça Entrar no “Volume Morto””