Um mini-satélite da Agência Espacial Europeia (link em português) – o Proba – V – mostra em imagens como o segundo maior lago da Bolívia – o Poopó – secou quase completamente nos três últimos anos (as áreas em azul estão secas).
A Agência atribui o fenômeno ao mau uso / uso excessivo da água para mineração e agricultura em associação com as mudanças climáticas e o El Niño que neste ano avança de maneira mais grave pelo oceano Pacífico. A sua evaporação total foi declarada em dezembro de 2015.
Esta não é a primeira vez que o Lago Poopó seca completamente – a última vez foi em 1994 -, mas teme-se que sejam necessários anos para que ele volte a encher – “se isso acontecer”.
“Até lá, os pescadores locais ficarão sem a sua forma de renda (e alimentos). O ecossistema do lago é extremamente vulnerável. Ele é reconhecido como zona úmida de conservação inscrita na Convenção Ramsar (específica para essas áreas).
Na última década, a NASA tem alertado os governos de países latino-americanos que dependem de geleiras para o seu abastecimento de água sobre os acentuados riscos de que o recuo de muitas delas coloquem as suas populações em risco.
O Peru, que abriga 70% das geleiras tropicas do mundo, já reconhece que perdeu 40% delas em 4 décadas.
Já mais do que passado o momento do poder público brasileiro – nos diversos níveis – formular planos estratégicos para uma sociedade de transição no que se refere às disponibilidades de água. Como decorrências das mudanças climáticas, água em demasia em algumas regiões – como se tem visto no sul do país – e secas mais prolongadas em outras, como no nordeste.
Não há por que esperar pelo governo federal num país de dimensões continentais e contratar, com recursos do Banco Mundial, um estudo voltado para estabelecer uma “Política Nacional de Reuso de Água” – como ocorreu em 2015 – é muito pouco, se de alguma forma for útil. Não se tem conhecimento de qualquer país sério que tenha esse tipo de abordagem. Os EUA, onde a EPA já publicou, em 2012, a sua quarta versão das Diretrizes para o Reuso da Água, não têm essa “política” – mas apenas diretrizes, o interesse pelo desenvolvimento científico e tecnológico, procedimentos para a validação dos sistemas e equipamentos, e muita vontade política de planejar para o longo prazo e fazer acontecer.
De fato, as tecnologias avançaram tanto que seus preços se tornaram compatíveis com o reuso direto de esgotos para o abastecimento público, que já se consolidou no Texas e avança na Califórnia.