Em países onde as agências regulatórias são sérias, “ordens” presidenciais são rejeitadas como sugestões e propostas de quaisquer outras organizações e entidades. Isso ocorreu há dias com uma proposta de Trump voltada para subsidiar a geração de eletricidade de fontes térmica a carvão e nuclear. A decisão dos 7 conselheiros da agência regulatória de energia dos EUA foi unânime, mesmo com 4 deles tendo sido indicados pelo atual presidente.
Um comentarista da área ironizou a proposta de Trump: os fatos ainda importam e ao recusá-la a Agência equivalente à nossa ANEEL – conhecida pela sigla FERC – evitou que essas fontes de geração de eletricidade empurrassem na conta dos clientes e/ou dos pagadores de impostos uma conta de US$ 1,4 bilhão ou o equivalente a R$ 4,3 bilhões.
O que aconteceria se fosse no Brasil, onde o setor é gerido por uma agência de indicações político-partidárias que se limita a reajustar os valores, seja lá quais forem.
Bem, no Brasil ainda estamos no tempo das térmicas de reserva, movidas a óleo diesel, alguns antigos, sem que haja qualquer tipo de auditoria para verificar se os equipamentos já foram amortizados ou se a manutenção está sendo feita de maneira adequada para que não haja redução do fator de capacidade, se as mais modernas tecnologias de controles digitais foram adotadas e que benefícios trariam, e por aí afora.
Então, a sociedade é refém de um sistema que não é transparente, sem indicações dos valores reais envolvidos em cada térmica, desde a depreciação e amortização, e assim por diante. Parte-se do princípio que geração térmica é o melhor caminho porque beneficia os interesses já existentes e enche de dinheiro as empresas dos amigos dos amigos. E dispensam auditorias técnicas periódicas mesmo que seja só para verificar se os níveis de eficiência e de obsolescência dos equipamentos (desconsideram os avanços tecnológicos que continuam ocorrendo também nessa área).
Fartam-se com o risco zero os produtores independentes de energia que têm contratos de longo prazo com o poder público na modalidade de energia de reserva… e todos pagam a conta! Dirigem à noite sem faróis e com os olhos voltados para o retrovisor.