Texto e Fotos de Zeca Linhares
Dizem que brasileiro deixa tudo para a última hora e é verdade. Moro há mais de 25 anos no Recreio dos Bandeirantes e nunca transferi o meu tÃtulo eleitoral. Então, naquele domingo chuvoso de outubro, madruguei em Copacabana para cumprir com a infeliz obrigação de ter que escolher entre duas pessoas totalmente desinteressantes.
Cheguei muito cedo, com medo de engarrafamentos na volta e encontrei a seção eleitoral ainda fechada. Um café fazia sentido, no balcão e ouvindo estórias. Armado como sempre da minha inseparável 8 MP, percorri calmamente o quarteirão da urna: Nossa Senhora de Copacabana, Santa Clara, Avenida Atlântica e voltei pela Figueiredo de Magalhães.
O resultado é assustador e não estamos num subúrbio escondido da zona Norte, mas num pequeno trecho “nobre” do Rio de Janeiro que possui seis hotéis, dois classificados como 5 estrelas, não há nenhum equipamento urbano… digamos… inteiro ou em bom estado de conservação: placas, canteiros, calçadas, faixas de pedestres, etc.
Na Avenida Atlântica, cartão postal da cidade, os bancos e os canteiros estão abandonados, e o calçamento em pedra portuguesa solto ou afundado em muitos pontos, pedindo manutenção. Na Nossa Senhora de Copacabana, faixas para os pedestres estão apagadas. Os remendos do asfalto e as tampas dos bueiros fora de nÃvel dão lucro para as clÃnicas ortopédicas e oficinas mecânicas.
Aqui e ali, um sinal de trânsito enferrujado, dependurado, parece que vai cair, como boas partes da cidade abandonada. Será que os simples serviços de manutença~da cidade foram desativados?
E quem multa as famosas “autoridades”? A mesma guarda-municipal que parece ter um computador que seleciona os multados aleatoriamente? Ou o tal Conselho Nacional de Trânsito que deveria – quem sabe? – fiscalizar cidadãos e autoridades, para que as placas indicando a bifurcação não sejam colocadas DEPOIS da bifurcação (e aà dizem que a quase totalidade dos acidentes é causada por imperÃcia dos motoristas).
Que nada! As autoridades seguem o seu caminho. E nós, cidadãos (?) caminhamos diariamente por essas ruas, o olhar já acostumado ao descaso, e voltado para o chão, para baixo – de maneira a evitar tropeços e quedas nas calçadas irregulares e esburacadas. E, depois, quando temos a oportunidade de visitar cidades dos paÃses europeus, onde as pessoas podem caminhar de cabeça erguida, olhando ou conversando tranquilamente, ficamos encantados!