Aqui, um assunto que já foi tratado há alguns anos com a publicação de todos do inÃcio das obras da Odebrecht para a construção do estádio OlÃmpico.  As imensas pilhas de terra utilizadas na terraplanagem vadia (do ponto de vista ambiental) ficaram expostas à s chuvas à s margens da lagoa, carreando sedimentos para as mesmas.  E note-se que a Odebrecht tinha uma coligada ainda mais disfuncional que a empreiteira e que atendia pelo codinome de Odebrecht Ambiental – assunto do qual nunca entendeu nem uma vÃrgula.
Ao longo de 2015, a mesma ausência de qualquer traço de gestão ambiental na prefeitura do Rio de Janeiro se repetiu, como se pode ver na imagem abaixo da duplicação de um viaduto para o assim chamado BRT – eles são “mudernos”, preferiram a velha sigla em inglês -, na Barra da Tijuca.
Em muitos casos, essas águas se acumulam na buraqueira constante, frequentemente abandonada durante semanas.
E depois eles querem gastar “dinheiro público” – entendam-se, o dinheiro arrecadado com os impostos pagos pelos cidadãos – para fazer a dragagem das lagoas, que continuam a receber toneladas de esgotos sem tratamento, diariamente… e fedem, em muitos trechos.
E o tal Comitê OlÃmpico, abúlico, apático, só acompanhando prazos de obras.
Rio de Janeiro: Cidade OlÃmpica.
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Dessa esculhambação, pode-se tirar uma grande lição: de nada adianta ter um órgão governamental de meio ambiente no modelo antiquado, primitivo, que não interage com os outros por falta de iniciativa, porque os outros estão ocupados por personagens de outros partidos ou bandos e sub-facçõesque não se interessam pelo assunto.
O assunto merece toda a atenção, devido aos imensos valore envolvidos – R$ 670 milhões -, que poderiam ser muito melhor utilizados na ampliação ou na conclusão da rede de coleta – para que se desse fim à enganação das “ligações clandestinas” com fonte da sujeira – ou, no mÃnimo, para que haja transparência no que se refere aos locais da dragagem e que ela não beneficie apenas um par de empreendimentos, como por exemplo o PenÃnsula, da Carvalho Hosken, numa área onde, segundo moradores, manguezais vêm sendo queimados durante a noite.
Como não existem tantas dragas assim dando sopa por aÃ, sugeres-se que o MPRJ inclua a confrontação das dragas constantes do edital – ainda que pela capacidade necessária ao tempo do trabalho -com as dragas efetivamente disponÃveis no Rio de Janeiro e estados vizinhos. Isso porque os editais foram vencidos por consórcios de grandes empreiteiras que não costumam ter dragas entre seus ativos.
De fato, não se pode descartar a possibilidade de que a denúncia tenha sido feita pelas empresas que no passado fizerem dragagens menores e que talvez tenham sido impedidas de se associar por alguma cláusula do edital totalmente irrelevante para o trabalho proposto, tal como capital mÃnimo.
Nenhuma placa indicava nada e equipamentos mais pesados já começaram a ser retirados.
Por que não um edital que localize claramente onde serão feitas as dragagens e quais os volumes, de maneira a incentivar a participação direta de empresas menores – e não como subcontratadas das usuais grandes empreiteiras-predadoras? Isso só não será feito se a manutenção dos parâmetros do edital for de interesse das grandes empreiteiras e de seus aliados dentro do governo.
(Aliás, tornados públicos os locais que serão dragados, todos poderão saber que áreas às margens das lagoas serão mais beneficiadas e valorizadas.)
Agora, fala-se numa grande ampliação do quebra-mar da Barra da Tijuca, que pode ser visto na imagem abaixo. Trata-se de encontrar um “bota-fora” para as pedras oriundas de um túnel em fase de construção para uma ampliação do metrô, como de um programa de recuperação ambiental do sistema lagunar.
Ao mesmo pretexto – a renovação da água do sistema lagunar – acrescenta-se o marketing vazio da redução das emissões de carbono e da diminuição dos impactos sobre o tráfego de veÃculos resultantes do transporte dessas pedras para um área mais distante.
Não há sequer indÃcios de que essa extensão do quebra-mar beneficiará a renovação das águas do sistema lagunar ou diminuirá o processo de sedimentação no trecho da embocadura do canal.
Sobre a proposta injustificada de prolongamento do quebra-mar vale dizer, ainda, que há riscos potenciais para a forma atual das praias em decorrência das mudanças nos padrões das correntes costeiras e do transporte de sedimentos.
Para avaliar essas questões servem – ou deveriam servir – os estudos de impacto ambiental, dos quais não se têm notÃcias neste caso.
Uma excelente alternativa para o descarte das pedras poderia ser o seu uso na contenção das margens da sistema lagunar onde se fizerem necessárias ou recomendáveis de maneira a assegurar a sua estabilidade e a contenção de processos erosivos. Mas, cabe há pergunta: existe um estudo das áreas mais vulneráveis à erosão nas margens do sistema lagunar, ou um plano que aumente as possibilidades de acesso das pessoas à orla do mesmo?